Sempre que nasce mais um
condomínio de luxo, diz-me o sentido de observação, alguma coisa se altera nas
imediações. Sempre. É factual. As acções do poder político, essas, são cada vez
mais previsíveis.
Um condomínio de luxo não pode
estar rodeado de passeios esburacados; de ruas sujas; de trânsito a passar por
debaixo das varandas; de barulho e fumarada a incomodar os seus ilustres moradores.
Assim, quase que por magia, tudo se faz para isolar a área de todos estes
incómodos. Sacrificam se árvores, mesmo que sejam de espécies protegidas;
afasta-se o trânsito para longe das janelas; ajardinam-se os canteirinhos…enfim,
embeleza-se o espaço. Mas sempre, sempre em nome dos cidadãos!
Curiosamente, ou talvez não, é
que aquilo que os cidadãos necessitam realmente e que tantas vezes reclamam da
urgência na resolução de determinadas situações, estas sejam remetidas para o
esquecimento sob as desculpas do costume. Vão se adiando de dia para dia, de
mês para mês, de ano para ano. Mas quando surge um condomínio de luxo, ah! Aí
sim, tudo muda!
O condomínio Atlântico Estoril Residente,
em construção, é o mais recente exemplo. Foram já aniquiladas as primeiras
árvores, não sabendo se outras seguirão o mesmo destino; as obras para a nova
rotunda iniciar- se-ão nos próximos dias, causando os maiores transtornos, sendo
duvidoso que a dita venha a melhorar o trânsito naquele local. O que a futura
rotunda vem seguramente melhorar, é a vida dos futuros residentes deste
condomínio: quando vierem do sentido Lisboa- Cascais, escusam de vir até á
rotunda do Jumbo de Cascais e podem assim entrar directo nas suas garagens.
Enfim, medidas que alguém
considera que “lavam a face” daquele quarteirão, mas tudo em prol dos cidadãos!
E tudo isto na parte frontal do condomínio. E o restante espaço circundante? O
que vai acontecer á casa onde até há poucos dias funcionava o restaurante BG? E
o corredor/escada de acesso ao paredão/praia e á estação do Monte Estoril? Este corredor que é o acesso de tantas
pessoas que utilizam o comboio diariamente e que se encontra há vários anos em
condições não só deploráveis, como perigosas? Já para não retroceder e referir
a falta de respeito pelos utentes desta estação quando se iniciaram as obras
deste condomínio e que tinham que atravessar um verdadeiro lamaçal para
acederem ao seu meio de transporte diário.
Esperemos que seja desta vez que
este espaço, assim como toda a envolvente da Estação do Monte Estoril, seja
alvo da merecida recuperação. A história e a utilidade deste espaço merecem!
Ah, e os cidadãos também!
Maria Clara Andrade
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