sábado, 19 de abril de 2014

Tudo em prol dos cidadãos

Sempre que nasce mais um condomínio de luxo, diz-me o sentido de observação, alguma coisa se altera nas imediações. Sempre. É factual. As acções do poder político, essas, são cada vez mais previsíveis. 
Um condomínio de luxo não pode estar rodeado de passeios esburacados; de ruas sujas; de trânsito a passar por debaixo das varandas; de barulho e fumarada a incomodar os seus ilustres moradores. Assim, quase que por magia, tudo se faz para isolar a área de todos estes incómodos. Sacrificam se árvores, mesmo que sejam de espécies protegidas; afasta-se o trânsito para longe das janelas; ajardinam-se os canteirinhos…enfim, embeleza-se o espaço. Mas sempre, sempre em nome dos cidadãos!





Curiosamente, ou talvez não, é que aquilo que os cidadãos necessitam realmente e que tantas vezes reclamam da urgência na resolução de determinadas situações, estas sejam remetidas para o esquecimento sob as desculpas do costume. Vão se adiando de dia para dia, de mês para mês, de ano para ano. Mas quando surge um condomínio de luxo, ah! Aí sim, tudo muda!
O condomínio Atlântico Estoril Residente, em construção, é o mais recente exemplo. Foram já aniquiladas as primeiras árvores, não sabendo se outras seguirão o mesmo destino; as obras para a nova rotunda iniciar- se-ão nos próximos dias, causando os maiores transtornos, sendo duvidoso que a dita venha a melhorar o trânsito naquele local. O que a futura rotunda vem seguramente melhorar, é a vida dos futuros residentes deste condomínio: quando vierem do sentido Lisboa- Cascais, escusam de vir até á rotunda do Jumbo de Cascais e podem assim entrar directo nas suas garagens.
Enfim, medidas que alguém considera que “lavam a face” daquele quarteirão, mas tudo em prol dos cidadãos! E tudo isto na parte frontal do condomínio. E o restante espaço circundante? O que vai acontecer á casa onde até há poucos dias funcionava o restaurante BG? E o corredor/escada de acesso ao paredão/praia e á estação do Monte Estoril?  Este corredor que é o acesso de tantas pessoas que utilizam o comboio diariamente e que se encontra há vários anos em condições não só deploráveis, como perigosas? Já para não retroceder e referir a falta de respeito pelos utentes desta estação quando se iniciaram as obras deste condomínio e que tinham que atravessar um verdadeiro lamaçal para acederem ao seu meio de transporte diário.    
Esperemos que seja desta vez que este espaço, assim como toda a envolvente da Estação do Monte Estoril, seja alvo da merecida recuperação. A história e a utilidade deste espaço merecem! Ah, e os cidadãos também!    

Maria Clara Andrade


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