15-12-2012
Chegámos
ao século XXI e descobrimos que o comunismo, o marxismo e outros ismos
extremistas estavam em desuso. Estarão?
Sobrou
o capitalismo mais ou menos encapotado de democrático mas que na realidade
corresponde, atualmente, a um sistema cujo único valor subjacente é que não
existem valores para além do arrivismo económico-financeiro.
Quem
chega ao poder atinge-o através da mentira, da escalada partidária e raramente
através do mérito pessoal enquanto cidadão impoluto e preparado pelos anos de
trabalho.
A
geração atual de políticos é uma sombra dos idos de 74. A ideologia papagueada
substituiu o idealismo e as convicções de que a coisa pública, em democracia, é
um bem a conservar, a trabalhar e que o bem comum está acima de tudo e de
todos.
Devemos
trabalhar solidariamente para esse bem comum.
Como
nos podemos sentir bem se vemos fome, desemprego, ansiedade e medo à nossa volta?
Como nos podemos sentir bem se vemos que os outros o não estão?
Vivemos
numa sociedade ocidental edificada sobre os escombros de impérios, de
colonialismos, sobre os alicerces da igreja, de todas as igrejas, e, sobretudo,
sobre uma identidade ideológica que nos faz europeus e ocidentais.
Mas, nesta época, agora, de todos estes
humanismos o que resta?
Pouco
ou nada.
Por
culpa coletiva ou por culpa das circunstâncias fomos admitindo que a
mediocridade chegasse ao poder. E um medíocre com poder pode ser letal.
Agora
há que retirar os medíocres do poder. Aceitar ideologicamente uma estratégia de
pontos comuns e estabelecer um governo de salvação nacional.
É a
nação que está em jogo. A independência económica não existe, resta-nos a
social e a cultural.
A
(fraca) posição do governo em termos internacionais deixa-nos desprotegidos
para os maus ventos que estão a assolar a nossa Europa.
Portugal
tem que fazer opções perante a realidade atual. Qual o papel do Estado? Onde
investir? Que áreas desenvolver? Como proteger os mais fracos? Como estabelecer
uma (real) justiça social? …
Uma
discussão/debate nacional que não tenha condições prévias e, seguida de um
referendo que pergunte ao povo, a todos nós, o que queremos perante os cenários
expostos.
O
que se está a passar é inacreditável. Tudo é decidido em gabinetes, nem sempre
nacionais.
Estará
o governo mandatado para todas estas decisões? Não o creio.
Há
dívidas a pagar, despesas que devem baixar e austeridade que é previsível mas,
também, há que ouvir democraticamente, negociar e decidir com o mandato da
maioria nacional.
Tal
não é o que se passa na atualidade. Existindo uma maioria democraticamente
eleita não o foi, no entanto, com este caderno de encargos. Um caderno de
encargos, o seu programa eleitoral, desvirtuado por insondáveis negócios, mal
explicados e que deixam em nós, eleitores, todas as dúvidas e desconfianças.
Não
foi para isto que votámos.
Será
que voltaremos a acreditar neste modelo democrático?, e nestes políticos?
Em
qualquer político?
O
momento político e as fórmulas que os diferentes atores usam ou referem para
ultrapassar esta crise nacional está a fazer muito mal à democracia.
Será
que os media, na sua maioria joguetes de interesses políticos e/ou económicos,
também não ajudam com o seu matraquear constante de negativismo.
Cada
notícia é passo para a demência coletiva, para a depressão, para o abismo.
Temos que ser e pensar positivo, readquirir o nosso orgulho coletivo e seguir
em frente.
Como
um barco a meter água…primeiro salvam-se os mais fracos.
Não
creio que nesta fase de empobrecimento ritualizado essa seja a prioridade do
governo.
A
pobreza alastra e penso que estamos a tornar-nos chineses.
Pelo
sim pelo não vou-me habituando ao arroz…
Rui Manuel Torrado Valente
(escrito em 15
de dezembro de 2012...o que mudou até agora?)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comente