segunda-feira, 14 de abril de 2014

Políticos e políticas… (seremos todos chineses)

                       15-12-2012
Chegámos ao século XXI e descobrimos que o comunismo, o marxismo e outros ismos extremistas estavam em desuso. Estarão?

Sobrou o capitalismo mais ou menos encapotado de democrático mas que na realidade corresponde, atualmente, a um sistema cujo único valor subjacente é que não existem valores para além do arrivismo económico-financeiro.

Quem chega ao poder atinge-o através da mentira, da escalada partidária e raramente através do mérito pessoal enquanto cidadão impoluto e preparado pelos anos de trabalho.
A geração atual de políticos é uma sombra dos idos de 74. A ideologia papagueada substituiu o idealismo e as convicções de que a coisa pública, em democracia, é um bem a conservar, a trabalhar e que o bem comum está acima de tudo e de todos.

Devemos trabalhar solidariamente para esse bem comum.
Como nos podemos sentir bem se vemos fome, desemprego, ansiedade e medo à nossa volta? Como nos podemos sentir bem se vemos que os outros o não estão?
Vivemos numa sociedade ocidental edificada sobre os escombros de impérios, de colonialismos, sobre os alicerces da igreja, de todas as igrejas, e, sobretudo, sobre uma identidade ideológica que nos faz europeus e ocidentais.

Mas, nesta época, agora, de todos estes humanismos o que resta?
Pouco ou nada.
Por culpa coletiva ou por culpa das circunstâncias fomos admitindo que a mediocridade chegasse ao poder. E um medíocre com poder pode ser letal.

Agora há que retirar os medíocres do poder. Aceitar ideologicamente uma estratégia de pontos comuns e estabelecer um governo de salvação nacional.
É a nação que está em jogo. A independência económica não existe, resta-nos a social e a cultural.

A (fraca) posição do governo em termos internacionais deixa-nos desprotegidos para os maus ventos que estão a assolar a nossa Europa.
Portugal tem que fazer opções perante a realidade atual. Qual o papel do Estado? Onde investir? Que áreas desenvolver? Como proteger os mais fracos? Como estabelecer uma (real) justiça social? …

Uma discussão/debate nacional que não tenha condições prévias e, seguida de um referendo que pergunte ao povo, a todos nós, o que queremos perante os cenários expostos.
O que se está a passar é inacreditável. Tudo é decidido em gabinetes, nem sempre nacionais.

Estará o governo mandatado para todas estas decisões? Não o creio.
Há dívidas a pagar, despesas que devem baixar e austeridade que é previsível mas, também, há que ouvir democraticamente, negociar e decidir com o mandato da maioria nacional.
Tal não é o que se passa na atualidade. Existindo uma maioria democraticamente eleita não o foi, no entanto, com este caderno de encargos. Um caderno de encargos, o seu programa eleitoral, desvirtuado por insondáveis negócios, mal explicados e que deixam em nós, eleitores, todas as dúvidas e desconfianças.

Não foi para isto que votámos.
Será que voltaremos a acreditar neste modelo democrático?, e nestes políticos?
Em qualquer político?

O momento político e as fórmulas que os diferentes atores usam ou referem para ultrapassar esta crise nacional está a fazer muito mal à democracia.
Será que os media, na sua maioria joguetes de interesses políticos e/ou económicos, também não ajudam com o seu matraquear constante de negativismo.

Cada notícia é passo para a demência coletiva, para a depressão, para o abismo. Temos que ser e pensar positivo, readquirir o nosso orgulho coletivo e seguir em frente.

Como um barco a meter água…primeiro salvam-se os mais fracos.
Não creio que nesta fase de empobrecimento ritualizado essa seja a prioridade do governo.
A pobreza alastra e penso que estamos a tornar-nos chineses.
Pelo sim pelo não vou-me habituando ao arroz…

Rui Manuel Torrado Valente
                                 (escrito em 15 de dezembro de 2012...o que mudou até agora?)







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