sábado, 20 de setembro de 2014

O Presidente Acidental

Em 1992 Dustin Hoffman interpretou no filme "Heroi acidental" o papel de Bernie Laplante que presencia a queda de um avião com 54 passageiros. Meio a contragosto, acaba por salvar os ocupantes de uma morte quase certa, desencravando a porta do aparelho e abrindo o caminho de saída do braseiro em que o avião se transformara.
Assim se tornou meio contrariado no "heroi acidental " que dá o título ao filme.
Ha quem pense, com alguma razão, que em Alcabideche há uma espécie de Presidente de Junta acidental. 
Alguém que nunca planeou desempenhar tais funções e que a força das circunstâncias atirou para a cadeira da presidência, o que pode muito bem ser verdade. 
Lembremos que depois da trágica e inesperada perda do presidente eleito da Junta de Freguesia - o jovem e promissor Bruno Nascimento - a coligação "Viva Cascais" viveu dias de luto e compreensível indefinição, até se decidir por atribuir a liderança da Junta ao atual presidente, Rui Costa, o quarto nome da lista vencedora.

É de imaginar que este sóbrio militante de base do PSD, nunca tivesse imaginado ter que vir a assumir tais responsabilidades, quando nas últimas autárquicas decidiu integrar num tranquilo quarto lugar a lista da coligação "Viva Cascais" para a Assembleia de Freguesia.
Agora, desdobra-se entre reuniões e contactos a nível local, na tentativa de estabilizar um mandato que iniciou com grandes dificuldades, alguma contestação e insuficiente apoio, inclusivé no interior da própria coligação que era suposto apoiá-lo.

Há que reconhecer que o atual presidente teve que lidar com obras do centro da sede de freguesia que - não sendo da sua responsabilidade, mas sim da Câmara- correram francamente mal e conduziram ao descontentamento de importantes setores de residentes e do comércio local.
Correram de tal forma mal as obras, que o pavimento de uma das principais artérias de Alcabideche - a rua de Cascais - abateu poucos dias depois de ter sido inaugurado, isto após longos meses de intermináveis obras.
O calvário de obras que no total se prolongaram por mais de um ano - entre reposições de condutas de abastecimento de àgua e requalificações em algumas artérias - é aliás apenas mais um fator de mal estar na freguesia.

A passagem a sentido único de trânsito da rua de Cascais - favorecendo a saída e dificultando a entrada em Alcabideche - prejudicou gravemente um comércio local já fortemente debilitado pelas políticas austeritárias implementadas pelo governo central. 
Com escassos apoios na sua própria coligação, o presidente da Junta luta com sérias dificuldades para imprimir um rumo determinado e uma estratégia clara à Junta que dirige. Aliás, o problema mais frequentemente referido é justamente esse: Não existirem ideias para a freguesia, muito menos uma estratégia clara e coerente, o que poderá explicar-se pelas circunstâncias em que se viu investido nas suas atuais funções.

Há muito que o período de tolerância política dado pelas oposições se esgotou e aguarda-se que a retoma das atividades da Assembleia de Freguesia traga um acentuar de divergências ao hemiciclo.

Com o verão a acabar, na Freguesia de Alcabideche vive-se a calmaria que costuma anteceder as tempestades.

Carlos Silva

domingo, 14 de setembro de 2014

Já não vale a pena estudar?

Ouço muitas vezes os jovens dizerem que já não vale a pena estudar porque, com a crise, ou acabam no desemprego ou como caixa de supermercado.
Considero esta ideia falsa e perigosíssima, que tem de ser combatida sem tréguas, porque terá consequências dramáticas para a vida dos jovens e do país.


O Padre António Vieira, que nasceu há mais de 400 anos, (1608) dizia que: “A boa educação é moeda de ouro. Tem valor em qualquer lado”.
Esta frase é verdadeira e está cada vez mais atual, num mundo cada vez mais globalizado.
O relatório da OCDE “EDUCATION AT A GLANCE 2013”, publicado esta semana dá-nos alguns dados.


É verdade que o desemprego em Portugal, entre os licenciados, aumentou no período 2008 a 2011 cerca de 2,2% para 8%, bem acima da subida da média da OCDE, que subiu 1,5% para os 4,8%.
Mas o desemprego entre os não licenciados, no mesmo período, subiu mais do dobro, 5,7% atingindo 13,3%, também acima da média da OCDE onde subiu 3,8% para os 12,6%.
Estes dados demonstram que quer em Portugal, quer na OCDE, os licenciados têm sempre mais empregos que os não licenciados.


O mesmo relatório diz-nos que os rendimentos dos licenciados em Portugal baixaram  8% entre 2004 e 2010, mas mesmo assim os rendimentos médios dos licenciados estão 70% (sim, setenta por cento) acima dos rendimentos de quem tem apenas o ensino secundário.
Não tenho dúvidas que nos últimos anos a situação piorou para todos. Mas piorou mais para os não licenciados.

Estudar não só vale a pena, como é cada vez mais decisivo para o futuro dos jovens e do país.

José Batalha

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Carta Aberta a um MENTECAPTO (João César das Neves)

Meu Caro João,


Ouvi-te brevemente nos noticiários da TSF no fim-de-semana e não acreditei no que estava a ouvir.
Confesso que pensei que fossem “excertos”, fora de contexto, de alguém a tentar destruir o (pouco) prestígio de Economista (que ainda te resta).
Mas depois tive a enorme surpresa: fui ler, no Diário de Notícias a tua entrevista (ou deverei dizer: o arrazoado de DISPARATES que resolveste vomitar para os microfones de quem teve a suprema paciência de te ouvir). E, afinal, disseste mesmo aquilo que disseste, CONVICTO e em contexto.
Tu não fazes a menor ideia do que é a vida fora da redoma protegida em que vives:
- Não sabes o que é ser pobre;
- Não sabes o que é ter fome;
- Não sabes o que é ter a certeza de não ter um futuro.
Pior que isso, João, não sabes, NEM QUERES SABER!
Limitas-te a vomitar ódio sobre TODOS aqueles que não pertencem ao teu meio. Sobes aquele teu tom de voz nasalado (aqui para nós que ninguém nos ouve: um bocado amaricado) para despejares a tua IGNORÂNCIA arvorada em ciência.
Que de Economia NADA sabes, isso já tinha sido provado ao longo dos MUITOS anos em que foste assessor do teu amigo Aníbal e o ajudaste a tomar as BRILHANTES decisões de DESTRUIR o Aparelho Produtivo Nacional (Indústria, Agricultura e Pescas).
És tu (com ele) um dos PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS de sermos um País SEM FUTURO.
De Economia NADA sabes e, pelos vistos, da VIDA REAL, sabes ainda MENOS!
João, disseste coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo: “A MAIOR PARTE dos Pensionistas estão a fingir que são Pobres!”
Estarás tu bom da cabeça, João?
Mais de 85% das Pensões pagas em Portugal são INFERIORES a 500 Euros por mês (bem sei que algumas delas são cumulativas – pessoas que recebem mais que uma “pensão” - , mas também sei que, mesmo assim, 65% dos Pensionistas recebe MENOS de 500 Euros por mês).
Pior, João, TU TAMBÉM sabes. E, mesmo assim, tens a LATA de dizer que a MAIORIA está a FINGIR que é Pobre?
Estarás tu bom da cabeça, João?
João, disseste mais coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo: “Subir o salário mínimo é ESTRAGAR a vida aos Pobres!”
Estarás tu bom da cabeça, João?
Na tua opinião, “obrigar os empregadores a pagar um salário maior” (as palavras são exactamente as tuas) estraga a vida aos desempregados não qualificados. O teu raciocínio: se o empregador tiver de pagar 500 euros por mês em vez de 485, prefere contratar um Licenciado (quiçá um Mestre ou um Doutor) do que um iletrado. Isto é um ABSURDO tão grande que nem é possível comentar!
Estarás tu bom da cabeça, João?
João, disseste outras coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo: “Ainda não se pediram sacrifícios aos Portugueses!”
Estarás tu bom da cabeça, João?
Ainda não se pediram sacrifícios?!?
Em que País vives tu, João?
Um milhão de desempregados;
Mais de 10 mil a partirem TODOS os meses para o Estrangeiro;
Empresas a falirem TODOS os dias;
Casas entregues aos Bancos TODOS os dias;
Famílias a racionarem a comida, os cuidados de saúde, as despesas escolares e, mesmo assim, a ACUMULAREM dívidas a TODA a espécie de Fornecedores.
Em que País vives tu, João?
Estarás tu bom da cabeça, João?
Mas, João, a meio da famosa entrevista, deixaste cair a máscara: “Vamos ter de REDUZIR Salários!”
Pronto! Assim dá para perceber. Foi só para isso que lá foste despejar os DISPARATES todos que despejaste.
Tinhas de TRANSMITIR O RECADO daqueles que TE PAGAM: “há que reduzir os salários!”.
Afinal estás bom da cabeça, João.
Disseste TUDO aquilo perfeitamente pensado. Cumpriste aquilo para que te pagam os teus amigos da Opus Dei (a que pertences), dos Bancos (que assessoras), das Grandes Corporações (que te pagam Consultorias).
Foste lá para transmitir o recado: “há que reduzir salários!”.
Assim já se percebe a figura de mentecapto a que te prestaste.
E, assim, já mereces uma resposta:

- Vai à MERDA, João!

Arco-iris

sábado, 6 de setembro de 2014

Mais um banho

 Um banho por uma boa causa


Expectativas

O que se espera de uma autarquia?

Que a nível local tome medidas para apoiar a população residente, de acordo com o interesse popular e visando o bem comum. Que através da sua atividade torne a vida menos pesada e menos difícil a quem habita na sua área geográfica. Que cumpra um programa eleitoral apresentado a sufrágio e aprovado pelo voto.  Estas são respostas plausíveis à pergunta inicial, que, como é natural, estão na mente de muitos munícipes do nosso concelho.
Só que em Cascais, a coligação atualmente no governo autárquico não apresentou programa eleitoral. Sim, é verdade: A coligação vencedora não se deu ao trabalho de elaborar e apresentar um simples programa eleitoral.
Nas palavras do presidente da edilidade “não precisamos de programa; Temos uma estratégia”.
É de acreditar que este tipo de atitudes e afirmações tenha contribuído significativamente para a abstenção verificada no acto eleitoral: 62% dos eleitores não foi votar. Nestas circunstâncias um voto equivale praticamente a um cheque em branco, visto não ser apoiado em qualquer compromisso traduzido num programa eleitoral.
Este tipo de afirmações e atitudes por parte da autarquia constituem apenas mais um sinal de uma actuação pouco normal:
Não é normal que num concelho com tantas carências, disfunções e assimetrias, a autarquia caracterize a sua atividade pela promoção de grandiosos projetos imobiliários com impactos ambientais altamente negativos e tendo em vista o benefício dos mesmos interesses particulares de sempre: Os de grupos e fundos financeiros privados. São claramente os casos das mega urbanizações previstas para a Quinta dos Ingleses e para a denominada “Academia Aga Khan”.
Não se pode considerar normal que uma autarquia se afirme pelo seu permanente investimento em propaganda, pela sua omnipresente máquina de autopromoção, com a emissão constante de boletins, agendas e jornais de distribuição gratuita, outdoors e placards publicitários por todo o lado, em campanhas publicitárias permanentes.
Qual o dispêndio municipal anual em propaganda?
Nunca será com clareza revelado. Os valores das verbas despendidas em publicidade são dispersos por uma infinidade de itens orçamentais, perdendo-se na complexidade de intermináveis relatórios de contas, indecifráveis para o comum dos cidadãos. Este assunto merecia uma peritagem que trouxesse luz às contas de uma contabilidade cronicamente deficitária, com prioridades de mais do que duvidoso critério.
Perante estas políticas autárquicas, o que fazem as oposições?
Falando genericamente das forças da oposição, é justo relevar o empenhado trabalho parlamentar de denúncia, crítica construtiva e resistência às iniciativas que se mostram lesivas do ambiente e da qualidade de vida dos residentes. Sendo essa atividade importante e útil, é no entanto invisível aos olhos de uma população concelhia tantas vezes alheada da realidade política local. Sente-se que é necessário algo mais.
Esse “algo mais” é um projeto de governo autárquico construído a pensar nos seus munícipes e em medidas concretas que melhorem a sua qualidade de vida. Um projeto que reúna um consenso alargado e uma amplo apoio político que o torne ganhador.
A verdade é que até agora os habitantes do concelho não parecem vislumbrar alternativas consistentes ao poder que se instalou há décadas no município e assim vão ficando em casa na hora de votar.
Faltam propostas claras e fiáveis para uma gestão municipal que resolva problemas e melhore a vida de quem reside no concelho. Falta um programa consistente e credível para as concretizar. Um programa que faça a diferença, elaborado a pensar antes de mais nas pessoas e na melhoria das suas condições de vida.  


Carlos Silva

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Canil e Gatil Municipal Cascais: Pela melhoria das condições

Assinem e divulguem, por favor. 

Em prol da participação cívica e de uma ética social para a protecção animal.
Cabe também aos munícipes de Cascais zelar pelos animais do Concelho. 

Gostaríamos de realizar uma discussão pública na Assembleia Municipal sobre a política e os procedimentos municipais no bem-estar animal.
Aos cidadãos, às cidadãs, importa saber o que acontece e participar - para melhorar.







Para: Ex.mo Sr. Presidente da Mesa da Assembleia Municipal de Cascais

De acordo com a Lei das Autarquias Locais, compete à Câmara Municipal [Lei nº 75/2013 de 12 de Setembro, Artigo 33º, alíneas ii) e jj)] “Proceder à captura, alojamento e abate de canídeos e gatídeos” e “Deliberar sobre a deambulação e extinção de animais considerados nocivos”.

No espírito da Resolução da Assembleia da República nº 69/2011 de 4 de Abril que “Recomenda ao Governo uma nova política de controlo das populações de animais errantes” (*1), vimos solicitar que este assunto seja alvo de discussão pública pela Assembleia Municipal de Cascais, de modo a contribuir para um impulso maior à resolução do problema dos animais errantes e abandonados que se multiplicam no concelho de Cascais, assim como para envolver os munícipes na protecção e cuidados com os animais do concelho e na defesa da saúde pública.

Vimos ainda propor uma visita prévia dos deputados municipais ao Canil e Gatil de Cascais – Zambujeiro, com acompanhamento por parte dos activistas e das associações de defesa dos direitos dos animais de Cascais, e de preferência também com a presença do Sr. Vereador do pelouro, Dr. Nuno Piteira Lopes, para observação das actuais condições da gestão e funcionamento daquele organismo, e para esclarecimento de matérias relacionadas com a saúde pública e o bem-estar animal, nomeadamente:
- Os Procedimentos seguidos na captura de animais errantes;
- Os Procedimentos seguidos nos cuidados com os animais alojados;
- Os Procedimentos de promoção de adopção e de divulgação dos animais capturados e alojados;
- As Instalações do canil e gatil de Cascais;
- A Alimentação e a Higiene;
- Os Cuidados Médico-Veterinários, quer na entrada quer no seguimento dos animais alojados;
- Sobre a Política de não abate;
- Sobre o Financiamento;
- Sobre a preparação Técnica e formação contínua dos cuidadores, trabalhadores e pessoal afecto ao canil e gatil de Cascais e às Juntas de Freguesia com acordo de colaboração;
- Sobre as relações com outras entidades de protecção e cuidado animal, públicas ou privadas (FSFA, Veterinário-Municipal, Veterinários, Associações, Tutores de Animais, Juntas de Freguesia, etc);
- A actividade do Veterinário Municipal na concretização das suas competências legais no município e na colaboração com as decisões tomadas pelos órgãos autárquicos para o bem-estar animal;
- A colaboração com as entidades policiais responsáveis pelo cumprimento das leis em vigor;
- Sobre os objectivos e as perspectivas de melhoria do canil e gatil de Cascais.

Formalizamos esta Petição com o objectivo de que seja discutida na Comissão de Assuntos Jurídicos e Petições da AMC e em sessão pública da Assembleia Municipal de Cascais, de acordo com o Regimento da Assembleia Municipal de Cascais:
http://www.cm-cascais.pt/sites/default/files/anexos/gerais/regimento_da_assembleia_municipal_-_2007.pdf
CAPÍTULO VI – DIREITO DE PETIÇÃO
e
Artigo 8.º - Competência da Mesa da Assembleia
1. Compete à Mesa da Assembleia:
h) Encaminhar para a Assembleia Municipal as petições e queixas dirigidas à Mesa;

(*1) http://www.campanha-esterilizacao.com/documentos/Resolu%C3%A7%C3%A3oAR.pdf.pdf 


Com os nossos melhores cumprimentos, solicitamos deferimento,
Petição lançada em 30 de Agosto de 2014 

Cuidar Animais Cascais