terça-feira, 16 de dezembro de 2014

''Carcavelos, as praias também se abatem"


A SOS Salvem o Surf apresentou no passado domingo 14 Dezembro 2014, uma revisão científica ao estudo de impacte ambiental sobre as 3 grandes construções previstas pela Câmara de Cascais em Carcavelos -  Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos Sul (Quinta dos Ingleses); um grande hotel a leste dessa urbanização; seguido de um empreendimento universitário já próximo da Nato Oeiras –, tudo junto à praia, a única enorme praia da costa do Estoril na linha de Lisboa-Cascais com areal extenso e propício ao lazer a à prática do Surf.

Um painel de cientistas destaca agora incorrecções nos pressupostos e na análise do estudo que foi apresentado como base para a aprovação municipal do PPERUCS (diga-se que contra vários movimentos de cidadãos através de manifestações públicas). Apresenta provas científicas de que não foram contemplados vários factores ambientais, e que o ecossistema será perturbado por estas construções que vão destruir a Praia de Carcavelos dentro das próximas dezenas de anos. À subida do nível do mar e às alterações climáticas esperadas devido ao aquecimento global, já amplamente estudadas pela comunidade científica, acrescenta-se aqui a alteração dos ventos que, a prazo, irão transformar completamente também esta zona do litoral, se não forem tomadas já medidas preventivas sustentáveis.


Assim, propõem que se repense esse atentado ambiental em curso e que se tomem medidas concretas para evitar o desaparecimento deste bem natural que são as ondas, a praia, as dunas, tais como alterar o percurso da marginal e preservar uma zona verde adjunta à praia.

Sobre estes assuntos a ONGA SOS Salvem o Surf deixa vários documentos que podem ser consultados nestas ligações:


“Anexamos aqui a revisão científica da Avaliação Ambiental por um painel de cientistas convidado pela SOS - Salvem o surf, incluindo a lista de 30 falhas científicas na resposta da Câmara Municipal de Cascais.”

Convite da SOS - Salvem o surf para a conferência de imprensa.




Produziram também um excelente filme que merece ser divulgado, ''Carcavelos, as praias também se abatem'': https://vimeo.com/109639085 , vídeo produzido por Hélio Valentim para a SOS – Salvem o Surf.



O único aspecto deste filme com que não me identifico é a sugestão de colocação de “relva” na criação de um espaço verde adjunto à praia: prefiro o espaço natural, cuidado e limpo, com árvores autóctones e plantas silvestres, mas sem a invasão de uma espécie vegetal não ecológica, como considero a relva. Algo a melhorar nesta proposta.


Paulina Esteves



domingo, 7 de dezembro de 2014

O que diz respeito a cada um

Se desgostamos da sociedade consumista, não podemos deixar-nos colonizar com tanta facilidade.
 De cada vez que é inventada uma qualquer novidade, lá estamos nós a desejá-la, a falar dela, ou, podendo, a comprá-la e a tomá-la como indispensável.
Lembro-me, por exemplo, das cápsulas de café e suas máquinas, coisa cara e parvamente poluente, do ar condicionado onde nos constipamos de verão e adoecemos em qualquer estação, embora lá fora tantas vezes esteja um ar bem mais puro e uma temperatura mais razoável; lembro-me do micro ondas (coisa que o tempo dirá até que ponto é segura), dos telemóveis, dos computadores.....
Naquele tempo não havia... começam assim os relatos que confundem a história humana com os  seus consumos; como se a existência de um qualquer objecto alterasse radicalmente o acto de estar vivo.
Identificando-nos assim com coisas, de tal forma, que nos esquecemos do essencial da vida, muito além dos trecos  luxos e lixos que querem vender-nos e que nós, hipnotizados, corremos a comprar, a desejar ou a roubar.
Concentremo-nos no acto de viver, foquemo-nos no ambiente e no contexto, planetário e outro, em que se desenrolam as nossas existências.
Desenvolvamos a observação e a reflexão para que consigamos ver e ser para além dos condicionalismos opressores.
Activemos a nossa liberdade interior e, só assim, ultrapassaremos o estatuto escravo a que o consumismo nos condena. 


Maria Morais

MUNICIPALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

MUNICIPALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO


Muitos alunos e professores sofrem, este ano, as consequências de um concurso que, ao retirar a transparência de uma lista única, procedimento habitual num concurso público, introduziu, de uma forma absurda, injustiça e caos nas escolas. Aparentemente, este caos, provocado pela introdução de múltiplos critérios duvidosos e inúteis, fez com que o próprio ministro Crato assumisse os seus erros, apelando aos directores das escolas para assumirem a colocação dos professores em falta.


Aparentemente, ou no mínimo, oportunamente, porque, no mesmo dia em que o faz (14 de Outubro), apela a um debate com os partidos sobre a autonomia das escolas,   admitindo que ao longo dos anos tem havido alguns problemas na colocação de docentes, defendendo que deve haver uma reflexão e que seria “interessante” um debate com os vários partidos sobre o tema da autonomia das escolas, de forma a “evitar problemas indesejáveis".


Logo a seguir, no dia 6 de Novembro, anuncia o impulso ao programa Aproximar Educação, no âmbito do programa Aproximar e do Acordo entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios.


 O referido programa pretende concretizar a transferência de competências para as autarquias no campo da Educação, em cerca de duas dezenas de municípios.  


Muito haverá a dizer sobre este programa, para o discutir será necessária uma leitura muito atenta, em especial às fórmulas apresentadas.  A autonomia que se pretende negociar aqui aparece como um remédio milagroso para os males da educação e, quando questionados os responsáveis, a resposta é invariavelmente, a mesma: nada de precipitações, tudo está ainda em aberto,  tudo é negociável! Até preferem o termo da descentralização da Educação!


Será??!!


A verdade é que se pretende uma gestão mais eficaz dos recursos educativos e financeiros mas, de acordo com o que se propõe, o que resultará é uma diminuição da qualidade da educação, ao medir-se, por exemplo, a eficiência de uma escola pelo ratio professor/aluno.


Pior do que isso: este documento pretende conferir às autarquias, entre outras competências (já de si escandalosas em termos educativos), autoridade para o exercício da acção disciplinar e a possibilidade de inclusão de componentes curriculares de responsabilidade local, até à percentagem de 25% do currículo nacional.


A laicidade não se aplica apenas ao domínio religioso, como sabemos, e este é, também, um ataque inadmissível à escola laica e republicana, garantia de liberdade e igualdade.


Representa, a meu ver, um retrocesso histórico no que diz respeito ao papel da Escola Pública no desenvolvimento dos cidadãos. A formação integral do indivíduo não é tida em linha de conta em propostas deste tipo. Importa, sim, que os cidadãos sejam cada vez mais  ignorantes, acríticos e subservientes.


Deixo à vossa consideração a leitura dos documentos relativos à proposta governamental , apelando para a discussão dos mesmos.


 Lúcia Nunes, uma avó