domingo, 7 de dezembro de 2014

MUNICIPALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

MUNICIPALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO


Muitos alunos e professores sofrem, este ano, as consequências de um concurso que, ao retirar a transparência de uma lista única, procedimento habitual num concurso público, introduziu, de uma forma absurda, injustiça e caos nas escolas. Aparentemente, este caos, provocado pela introdução de múltiplos critérios duvidosos e inúteis, fez com que o próprio ministro Crato assumisse os seus erros, apelando aos directores das escolas para assumirem a colocação dos professores em falta.


Aparentemente, ou no mínimo, oportunamente, porque, no mesmo dia em que o faz (14 de Outubro), apela a um debate com os partidos sobre a autonomia das escolas,   admitindo que ao longo dos anos tem havido alguns problemas na colocação de docentes, defendendo que deve haver uma reflexão e que seria “interessante” um debate com os vários partidos sobre o tema da autonomia das escolas, de forma a “evitar problemas indesejáveis".


Logo a seguir, no dia 6 de Novembro, anuncia o impulso ao programa Aproximar Educação, no âmbito do programa Aproximar e do Acordo entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios.


 O referido programa pretende concretizar a transferência de competências para as autarquias no campo da Educação, em cerca de duas dezenas de municípios.  


Muito haverá a dizer sobre este programa, para o discutir será necessária uma leitura muito atenta, em especial às fórmulas apresentadas.  A autonomia que se pretende negociar aqui aparece como um remédio milagroso para os males da educação e, quando questionados os responsáveis, a resposta é invariavelmente, a mesma: nada de precipitações, tudo está ainda em aberto,  tudo é negociável! Até preferem o termo da descentralização da Educação!


Será??!!


A verdade é que se pretende uma gestão mais eficaz dos recursos educativos e financeiros mas, de acordo com o que se propõe, o que resultará é uma diminuição da qualidade da educação, ao medir-se, por exemplo, a eficiência de uma escola pelo ratio professor/aluno.


Pior do que isso: este documento pretende conferir às autarquias, entre outras competências (já de si escandalosas em termos educativos), autoridade para o exercício da acção disciplinar e a possibilidade de inclusão de componentes curriculares de responsabilidade local, até à percentagem de 25% do currículo nacional.


A laicidade não se aplica apenas ao domínio religioso, como sabemos, e este é, também, um ataque inadmissível à escola laica e republicana, garantia de liberdade e igualdade.


Representa, a meu ver, um retrocesso histórico no que diz respeito ao papel da Escola Pública no desenvolvimento dos cidadãos. A formação integral do indivíduo não é tida em linha de conta em propostas deste tipo. Importa, sim, que os cidadãos sejam cada vez mais  ignorantes, acríticos e subservientes.


Deixo à vossa consideração a leitura dos documentos relativos à proposta governamental , apelando para a discussão dos mesmos.


 Lúcia Nunes, uma avó



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