segunda-feira, 21 de abril de 2014

É só mato - dizem.

Preparam grandes mudanças para o concelho, sendo que as linhas gerais se mantêm: destruir a natureza em prol da especulação imobiliária.
Os líderes partidários no poder não lideram coisa nenhuma, mas obedecem sim aos interesses económicos que os trazem pela arreata; aqui como no governo central, muitos dos que vão a eleições inventam imagens para enganar o povo, para de seguida se dedicarem a fazer o contrário, isto é,  favorecerem aqueles que deglutem a nossa riqueza, a nossa paisagem e tudo o que nos pertence.




Carreiras aproveitou o tempo em que já liderava mas ainda não fora eleito, para usar todos os meios da edilidade no sentido de nos convencer que representava um ideal de sustentabilidade. Convenceu muitos, aqueles que não tinham acompanhado algumas das barbaridades ecológicas de que já antes fora cúmplice... e o homem parecia tão convencido do que dizia, estava tudo de tal forma alinhado, os jovens pelo concelho numa quase movida, desencantando associações, o orçamento participativo que o psd sempre recusara...  ah e a tal Cascais natura que gastava tantas árvores em cartazes quantas as que plantava, e fazendo obra, mas claro, chamando a si o espaço ecológico com o revês (para o ambiente, para eles vantagem) de nunca denunciar os crimes ambientais.
Enfim! A teia foi muito bem urdida, a expensas nossas, e mal ganhou as eleições, transfigurou-se, ou mostrou ser quem sempre foi;  para nós, povo e ecologistas, um manipulador arrogante, para eles, Lusofundo e fantasmas famintos que tais, um manipulado.
E assim chegamos a esta situação aflitiva em Carcavelos e Areia Guincho. (Peço a tod@s que leiam a petição on line Mega Urbanização junto ao Guincho Não!)
É que desprezar a natureza é também desprezar a humanidade, esse ser frágil e desprovido de compreensão; só a igorância pode levar um ser a destruir o seu habitat.
No decorrer destas questões e sensações surgiram-me estes versos :


Isto é só mato
              dizem
e eu sou vida

sou cardo esteva
carqueja
madressilva e trovisco
sou lírio malva borragem
zambujeira carrasco
lentisco
e sou lebre sapo sardão
andorinha ouriço pisco
coruja morcego e falcão...

só mato
dizem
e matam-me

calam a terra
asfixiada sufocada
sob asfalto
sob o betão

As chuvas não escoam
e ficam à míngua
os veios
que secam

Falta a água que
sobra
à superfície
furiosa
desorientada
enxorrando e
destruindo
indomada

E carros  carros
 e mais  carros
empestando o ar
nós já cá não estaremos
para o limpar
Pois somos mato só mato
                                 dizem
e somos vida!

(oh ser desnorteado e iludido
quererás matar o ventre para engordar teu umbigo?)


Maria Morais

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