domingo, 10 de agosto de 2014

Um povo (...)

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. […]Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter,havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida públicaem pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime doPaís. […]

Guerra Junqueiro, in Pátria (1896)



Publicação de Arco-Iris

terça-feira, 29 de julho de 2014

Quo Vadis Cascais?

Como é meu hábito, e porque os preços dos transportes são excessivos (pelo menos para a minha carteira), no outro dia fui até Cascais, a pé. 
Faço o meu trajeto pelo Monte Estoril, passo pelo Hotel Atlântico, perdão, já não é Hotel Atlântico, é a luxuosa obra no sitio do Hotel Atlântico, que irá passar a designar-se "Empreendimento Atlântico Estoril Residence".
Bem, perante aquele... (nem sei como classificar), paro, cismo e digo para com os meus botões: 
Tanta algazarra, tanta confusão, tanta perturbação no trânsito, tanta árvore arrancada, para quê? 
É só mais uma obra de e para os nossos amigos, aqueles que detêm o grande capital. Mais uma "obra" que terá como efeito contribuir para o acentuar da descaracterização da paisagem (até aqui) única, da Costa do Estoril.
O transito está congestionado? 
Não se chateiem, não há problema, a obra é para aqueles que se acham donos disto tudo, é tudo perfeitamente normal, mesmo que a linha de Cascais caminhe a passos largos para se tornar numa espécie de Reboleira de Luxo, com betão e asfalto por todo o lado. 
Lembremos os tristes exemplos do empreendimento "Oniris", devastando as dunas que era suposto serem protegidas, junto ao Forte de S. Jorge dos Oitavos. 
Lembremos o mega-empreendimento da Quinta dos Ingleses em Carcavelos -Sul que se prepara para avançar contra tudo e contra todos. 
Lembremos a megalomania do empreendimento à volta da Academia Aga Khan, junto ao Guincho e acordemos de uma vez por todas para esta dura e triste realidade: 
Estão a descaracterizar a linha de Cascais. 
Estão a destruir a sua beleza natural e as zonas mais típicas da sua paisagem. 
Estão a entregar a interesses gananciosos de obscuros grupos económicos, extensas áreas do nosso Património Natural para ser betonizado, asfaltado e vendido a quem der mais. 
Perante o que se está a passar, só me ocorre um sentimento: Nojo!
Se fosse para ajudar quem mais precisa não se dariam ao trabalho de fazer isto tudo, talvez nem no assunto pensassem.

Proporções desmesuradas, luxos para elites, lucros chorudos para grupinhos empresariais, tudo em prejuízo da paisagem e do património natural 
O que realmente importa a quem hoje decide em Cascais, é fazer alojamentos para os "grandes":
Promover o turismo de alto (ou altíssimo) luxo no concelho, em detrimento da oferta para as classes médias e médias altas.
Não é que eu desgoste da obra, (não vamos discutir gostos) até acho que vai ficar uma "coisa" gira, só que eu penso de outra forma: 
Não era preferível fazer um hotel que atraísse o turismo para diversos estratos sociais, já que Cascais é conhecida por ser uma vila de Turismo?
Não era preferível criar mais postos de trabalho (que nos dias que correm são mais do que necessários, já que que qualquer posto que se crie será sempre insuficiente), alargando a oferta do número de quartos do hotel em causa ?
Ora, eu - como cidadão preocupado com os níveis de desemprego e a horrível social do país - penso assim, mas claro, a minha opinião vale o que vale. 
Uma coisa não pára constantemente de se confirmar, que é o que dizia o poeta Zeca Afonso: "Eles comem tudo e não deixam nada!"... 
Pergunto: Que concelho de Cascais pretendemos deixar às gerações vindouras?

Volumetrias cada vez mais descomunais a impor-se na paisagem costeira onde já vão escasseando os característicos elementos naturais

Excerto do site promocional do empreendimento:
"O Empreendimento Atlântico Estoril Residence é composto por 25 apartamentos com qualidade premium e de grandes dimensões. As tipologias vão do T2 ao T5 e as áreas oscilam entre os 185 e os 405 metros quadrados.
Nos três primeiros pisos residenciais situam-se os apartamentos de menores dimensões (T2, T3 e T4), garantindo o compromisso de privilegiar a relação dos principais espaços com os amplos terraços do lado do mar. No piso 6 as tipologias são um T2, um T3, dois T4 e um T4+1. Nos pisos 7 e 8 as tipologias são dois T4 e dois T4+1.
Todas as residências desfrutam de amplas vistas para toda a orla marítima, também possíveis das cozinhas e casas-de-banho dos apartamentos. O estacionamento atribuído a cada módulo residencial varia entre os 2 e os 6 lugares. Os residentes beneficiam da prestação integrada dos serviços do hotel e de todas as suas infra-estruturas
(SPA, restaurante, bar, piscinas, etc).
O projecto integra um conceito inovador para o reposicionamento estratégico da unidade, assente na materialização de um sofisticado espaço hoteleiro integrado num contexto residencial de alto luxo. Do lado do oceano, rasgaram-se as vistas sobre o mar, com grandes varandas e terraços, usando-as como antecâmaras das generosas áreas interiores." 

Fontes:
www.atlanticoestorilresidence.com

www.portadafrente.pt/empreendimento/43771/atlantico-estoril-residence/cascais/?dty=feats#sthash.O9qfylen.dpuf


Frederico Martins

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Avaliação ? … Que Avaliação ?

O governo decidiu mandar avaliar o desempenho dos 322 centros de investigação e desenvolvimento (I&D) que constituem o sistema científico nacional.
Considero que tudo o que consome recursos do erário público, deve ser avaliado e monitorizado com rigor e independência, pelo que concordo com a avaliação, que deveria servir para detetar eventuais insuficiências, com vista à sua correção.
A avaliação deveria  servir para elevar o nível de desempenho do nosso sistema científico.
Acontece que o governo, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) contratou  a European Science Foundation (ESF) para fazer essa avaliação e logo no contrato de prestação de serviços estabeleceu que apenas 162 dos centros avaliados, passariam à 2ª fase.



Ou seja, ainda antes da avaliação feita, o governo decidiu que metade dos centros avaliados não passariam e veriam os seus financiamentos anulados, condenando à morte centros com trabalho reconhecido internacionalmente.
Isto não é sério e não pode ser tolerado com um encolher de ombros.
O que deveria ser um processo de melhoria, vai ser um processo de destruição de uma atividade fundamental para o futuro do país.
Não tenho qualquer dúvida, que Portugal só será um país competitivo e capaz de proporcionar um futuro decente aos portugueses, se apostar na melhoria da qualificação dos nossos jovens e na I&D que nos permita produzir produtos de maior valor acrescentado.
O que o governo tem estado a fazer é destruir a escola pública e agora a I&D, o que configura um autêntico crime de lesa-pátria, que os portugueses não poderão deixar de sancionar.

José Batalha

terça-feira, 22 de julho de 2014

E ninguém vai preso ?

Ricardo Espírito Santo Salgado era conhecido como o DDT (Dono Disto Tudo).
Efectivamente, a sua actividade revelou-se muito tóxica para o GES (Grupo Espírito Santo).
Se os prejudicados fossem só os membros da família, eu não gastaria 5 segundos do meu tempo.



Acontece que o GES abrange cerca de 400 empresas e mais de 25.000 trabalhadores.
Muitas dessas empresas vão falir e muitos trabalhadores vão perder os seus postos de trabalho.
Acresce que muitas outras empresas (pequenas e médias) e muitos clientes individuais do BES foram “aconselhados” (ou coagidos) a fazer aplicações financeiras no GES, por serem aplicações “seguras” e “rentáveis” e irão agora ter prejuizos severos.
Por outro lado a desconfiança no sistema bancário nacional que este caso gerou a nível internacional, poderá reduzir e encarecer o crédito externo à economia, agravando as condições financeiras das nossas empresas.
Este caso só foi possível porque o GES adulterou as contas das holdings (o que é crime) escondendo passivos (só na Espírito Santo International apareceram 1,3 mil milhões de euros de dívidas que não estavam contabilizadas) e empolando activos (que foram sobrevalorizados) para mascarar a situação de falência do Grupo, continuando a enganar os incautos.
Nos EUA, Bernard Madoff (que fez o mesmo) está preso e foi condenado a 150 anos de cadeia.



Aqui ninguém vai preso.
Já o meu pai me dizia:
- Roubas um tostão, és um ladrão (e vais preso)
- Roubas um milhão, és um barão (e dão-te uma comenda).
Até quando continuaremos a suportar esta gente ?


José Batalha

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Junho. Areia. Sol. E vida.

Passeio nas dunas. Cruzo-me com insectos e pássaros diversos que posso escutar se calar a minha mente. Olho. Há tanta vida para além da minha. Há jardins originais habitados por criaturas que respiram e gostam de sol. Como eu.















São Morais

terça-feira, 15 de julho de 2014

Notícias de Aga Khan, o líder dos Ismaelitas


O tal das obras sociais, tão acarinhado em Cascais que o município lhe quer “dar” um dos bonitos e bem localizados terrenos municipais entre a Areia e Birre (perto do Guincho);
Ou talvez (só) usar o seu nome de benemérito social “amigo dos pobres”, para construir um grande empreendimento no local, que o retire do usufruto dos cidadãos e o “facilite” a quem tiver dinheiro para tal.
Este é um dos tipos de “democracia” praticado por vários órgãos de poder autárquico...

Notícia encontrada no El País de 15-07-2014:
“... neste verão há um barco em que todos os olhos se põem, o Alamshar, de propriedade do líder Aga Khan...”
“O navio custou cerca de 150 milhões de euros...”
“O Agha Khan queria ter o barco mais rápido do mundo, mas o seu Alamshar - nome de um dos seus melhores cavalos de corrida –“... parece não ter correspondido ao sonho deste rico “misericordioso”.
“O bilionário não fez segredo de que está muito chateado com o mau resultado.”
Já antes “conseguiu atravessar o Atlântico em tempo recorde de 2 dias e 10 horas” com outro dos seus “barquinhos”, Destriero.

O príncipe ismaelita Karim al-Hussaini Agha Khan tem uma fortuna estimada pela revista Forbes em quase 600 milhões.



El club de los ricos con yate
El agá Jan estrena este año un gran barco tras seis años de construcción


E ainda sobre Aga Khan, pois nada é só “preto-e-branco”, encontrei estas notícias:


Paulina Esteves


domingo, 13 de julho de 2014

Menos Estado, menos Escolas, menos Democracia...

Com o pretexto de optimização dos serviços públicos, a política de “Menos Estado, Melhor Estado” tem levado, gradualmente ao desmantelamento daqueles serviços, abrindo portas à privatização e à perda dos direitos adquiridos pelos cidadãos e consagrados na Constituição da República Portuguesa.


Neste âmbito, a municipalização da Educação é uma das estratégias previstas no guião sobre a reforma do Estado. O processo está já a ser preparado a nível “experimental”, tendo já decorrido reuniões entre o MEC e responsáveis de autarquias. Cascais será uma delas, juntamente com Águeda, Famalicão, Matosinhos, Maia, Óbidos, Oliveira de Azeméis, Águeda, Oliveira do Bairro, Constância e Abrantes.

De acordo com a legislação existente, muitas competências são já da responsabilidade das Câmaras e, aparentemente, a alteração mais notória será a transferência da tutela dos professores para os municípios. Se relacionarmos ainda esta decisão com a intenção anunciada pelo MEC de premiar as câmaras que venham a trabalhar com um número de professores inferior ao considerado necessário, não haverá dúvidas que o objectivo imediato é dispensar mais professores.

Não esqueçamos, porém, que este descomprometimento do Estado tem consequências mais amplas ainda, visando, a curto prazo, alargar-se à área da Saúde.

Nos municípios de Matosinhos, Oliveira de Azeméis e Famalicão têm decorrido reuniões manifestando discordância relativamente a um processo tão duvidoso, que diminuirá forçosamente a qualidade de ensino e interferirá no direito à igualdade de oportunidades que caracteriza um estado democrático.

Uma vez que Cascais será um dos municípios envolvidos, parece-me urgente dinamizarem-se reuniões análogas envolvendo não só responsáveis das autarquias e professores mas também todos os munícipes.


Isabel Guerreiro

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Ainda vamos andando por cá…

Segundo dados do INE, em 2013 saíram do país cento e vinte e oito mil cidadãos. Por diferentes razões, mas saíram…muitos deles seguindo, decerto o bom conselho do governo. O desespero faz milagres.

Tenho amigos com quem gosto de discutir politica, aliás, só discuto politica com os meus amigos pois falamos a mesma linguagem. Não somos unânimes nem da mesma área politica e isso é excelente para uma boa discussão e, uma boa discussão politico – filosófica vale um dia de trabalho.

Uma das últimas discussões (chamaria, antes, debate) foi acerca das nossas atuais condições de vida, ou seja, a resposta à questão “o país está melhor (como o governo clama) ou pior (como reclama a oposição)?

Para os saudosistas relembro os cento e vinte e oito mil cidadãos indicados pelo INE. Ainda, e sempre, seguindo os dados do INE…



a) Temos a taxa de Natalidade sempre a baixar, de 2008 a 2012 passámos de 104594 nascimentos para 89841;

b) O número de nados vivos por cada mil habitantes tem vindo, sempre, a baixar, ou seja, vamos envelhecendo a olhos vistos. Em 2008 a taxa era de 9,5% estando em 2012 em 8,5%...;

c) Os pedidos de auxílio das famílias (ou individuais) estão em crescendo. Em 2010 a Cáritas ajudava 24568 pessoas/famílias e em 2013 ajudava 52967;

d) A taxa de suicídios (por 100 mil habitantes) era em 2008 de 9,8%...foi sempre aumentando…9,6 – 10,4…chegando em 2012 a 10,1%!;

e) O célebre Abono de Família está em queda, não porque não seja necessário mas porque as teorias económicas assim o desejaram.., em 2009 apoiava 1 813 936 crianças e jovens passando, em 2013, a apoiar 1. 294 132…embora existam menos jovens a principal causa é o rastreio ser mais apertado;

f) Com tantos desempregados, embora a taxa de desemprego venha a baixar, também devido a diferenciação de critérios, o subsídio de desemprego era atribuído em 2010 só a 357857 (valor médio de 469,53€), foi baixando, atingiu um pico em 2013 em que apoiou 418256 cidadãos (valor médio de 491,25€) para voltar a baixar em 2014 em que apoia 367012 pessoas (valor médio de 468,93€);

g) A nossa glória, a taxa de Mortalidade Infantil que era das melhores do mundo começou a subir…em 2010 era 2,5%, subiu em 2011 (3,1%) e em 2012 (3,4%)…estando em 2013 em 2,9%;

h) Entretanto as verbas da saúde, em percentagem do PIB, tem vindo a baixar. Em 2010 era 5,6% (8849 M.€)…sempre a descer para 5%...estando em 2014 em 4,8% do PIB (que entretanto contraiu…);



i) Claro que o número de consultas com o médico de família baixou passando de mais de 30 milhões em 2011 para 29 milhões em 2013, uma variação de – 4,8%;

j) O número de urgências atendidas também baixou. Em 2011 eram cerca de seis milhões e meio descendo, em 2013, para cerca de seis milhões. Uma variação de – 5%. Estamos entendidos?;

k) Entretanto o consumo médio de horas de visualização de TV está em contínuo aumento…em 2008 a média era de 4h 21’ e em 2012 chegoui às 4h 40’. E, os programas são educativos…;

l) Na educação, a base de uma nação produtiva e consciente, os números acompanham a negritude geral…em 2011 tínhamos 7317 escolas que passaram, por abate de escolas e de oportunidades no interior, para 7088 em 2012. Este ano o abate continua;

m) O número de alunos também vai baixando…em 2011 eram (ou estavam inscritos) 1 041 384 passando, em 2012, para 1 003 289;

n) O número de professores tem vindo sempre a baixar…é óbvio. Em 2011 eram 156669 e em 2012 baixou para 145 547. Os docentes contratados em 2011 eram 35,9 mil, baixando em 2012 para 24,2 mil. Em 2013 havia 15 200 professores contratados…e vai baixar;

E, poderia continuar nesta senda de números e taxas cedidas, a quem as quiser ler, pelo INE.

Os meus amigos, com quem discuto politica, mesmo de tendência política contrária e/ou diferente, não discutem esta leitura. Não podem…

Agora, que cada um faça a sua leitura com base na sua educação e concepção de cidadania e objectivos de vida. O que é excelente para uns, e alcançável, pode não ser o espirito de vida, de ser e estar, para outros…

Tudo bem.

Mas estamos melhor?



Rui Manuel Torrado Valente
18-06-2014

sábado, 14 de junho de 2014

Uma informação a confirmar e seguir com atenção

http://www.epalol.com/tens-tatuagens-nao-vas-ao-hospital-de-cascais/

Sobre Cascais, o pensamento único e o Papa Francisco

A questão que mais me incomoda sobre o actual governo municipal de Cascais é a ausência de um Programa.

Não contesto a liberdade individual, de modo nenhum - aliás sou uma fervorosa adepta do pensamento divergente e da discussão colectiva à procura de convergências pelo bem comum.

Contesto que, em detrimento de um programa ao qual os eleitos se tenham de vincular perante os seus eleitores e demais cidadãos, façam a apologia daquilo que Carreiras anunciou na sua tomada de posse em 2013: "uma Estratégia para Cascais". 

E esse facto dá-lhes uma liberdade total para defender projectos indefensáveis sobre o ponto de vista da maioria dos munícipes ou fregueses. Dá-lhes a capacidade de bradarem a sua prepotência sem que tenham (aparentemente) qualquer obrigação de ouvir ou incorporar outros pontos de vista.
Na verdade não podem ser escrutinados porque não estão a trair nenhum programa! Esta é verdadeiramente a sua estratégia, considerarem-se "livres de interpretar o mandato como melhor lhes aprouver":

Zilda Costa Silva votou a favor do plano de pormenor para Carcavelos-Sul, o que permitiu a sua aprovação. A assembleia de freguesia exige a demissão da autarca”.
"A autarca ... entendeu ser "livre de interpretar o mandato como melhor lhe aprouver", destaco, no artigo publicado em 12/06/2014, LUSA e PÚBLICO



O pensamento único que o Papa Francisco contesta publicamente, está aqui a ser concretizado, no município de Cascais.
Parece um contra-senso? Liberdade individual versus Pensamento único? Curiosamente não é incompatível, como o mostra a realidade deste concelho: cada elemento do PSD / CDS eleito em autarquias é livre de orientar o seu voto, desde que de acordo com o estipulado pela aliança "Viva Cascais". Sem escrutínio popular. Sem terem de prestar contas. São livres de impor o que bem lhes aprouver.

Curiosamente eu, que me conheço agnóstica, reconheço-me próxima de pensamentos do Papa Francisco sobre o mundo e sobre a política, assim como descortino como não cristãos os actos deste executivo municipal e de freguesias, apesar de constantemente os vermos presentes em missas católicas.

Actuam numa linha fariseia, na aplicação de estratégias de “desenvolvimento” de um concelho em prol de “atracção de investimentos” ou de “receitas para a economia local”.

Mas de que “economia local”, nos estarão a falar?

(continua)

Paulina Esteves

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Cascais & mais ultrapassou as 2000 visitas

Para não dizer que não falei de flores...

Não imagino um mundo sem flores. Creio que poucos o possam imaginar. Sobretudo depois de um rigoroso inverno que, em tempo de descontentamento, nos fez desejar mais ainda a primavera adiada. Por isso, ao passar por Cascais nos últimos dias, não pude deixar de sorrir para dentro ao admirar a profusão de flores nas rotundas e canteiros públicos: petúnias, amores-perfeitos e begónias competindo pacificamente em demonstração de cor e de beleza. Ao mesmo tempo, porém, não pude deixar de comparar esta visão tão idílica com o estado de degradação de outras zonas de Cascais votadas à mais profunda indiferença - para não dizer desprezo! Onde é necessário uma candidatura ao Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Cascais para tentar satisfazer as necessidades essenciais dos munícipes – nas quais a segurança representa, obviamente, a grande prioridade. 

Refiro-me concretamente ao projecto de requalificação da Rua do Viveiro, no Monte Estoril, aprovado pelo Orçamento Participativo de 2012 (intervenção que vinha sendo pedida  já vários anos sem que nada tivesse sido feito).

A proposta do O.P. contemplava, para lá do arranjo da rua e dos passeios, (designadamente em termos de segurança), a construção de um parque infantil no parque do Museu da Música Portuguesa, a abertura ao público dos seus dois portões da Rua do Viveiro e a reactivação do Mercado. Foi-nos dito, entretanto, que a requalificação ficaria limitada ao arranjo dos passeios e à colocação de passadeiras/lombas.

Passados dois anos, outros projectos aprovados foram concretizados mas a Rua do Viveiro … continua na mesma!!!

Não gosto de pensar que as prioridades da CMC nem sempre coincidem com as dos seus munícipes, nem que, para aquela, o arranjo de uma rua é demasiado insignificante em comparação com outras “flores” mais vistosas que, justamente propostas pelos seus munícipes, serão oportunamente embandeiradas em arco em tempos de campanha.

Quais os limites, afinal, entre aquilo a que os munícipes, pagando impostos, já de si tão elevados, têm pleno direito e aquilo que, sob a capa de democracia, nos é oferecido como um acto de boa vontade da CMC?
Agradecendo ao Geraldo Vandré a sua canção tão inspiradora…!



Isabel Guerreiro

terça-feira, 10 de junho de 2014

Eleições já ???



Há dias o prof. Rui Valente defendeu a realização de eleições legislativas já.
Considera que este governo não tem qualquer legitimidade, porque faz exatamente o contrário do que prometeu na campanha eleitoral, pelo que se baseia numa fraude eleitoral.

Até aqui concordo inteiramente.

Todos nos lembramos do Passos Coelho a dizer a um jovem que cortar o subsídio de Natal era um disparate, e todos sabemos o que ele fez imediatamente após tomar posse.



Ainda há pouco mais de um mês ele dizia que não ia aumentar mais impostos ou cortar rendimentos e uma semana depois já dizia que ia haver um “ajustamento” (em alta, claro) do IVA e da TSU.

É para mim claro, que este governo é incompetente, mentiroso e o mais à direita que já tivemos desde o 25 de Abril de 1974.

E é exatamente por isso que eu não quero eleições já.

Eleições já, ainda por cima com o maior partido da oposição no estado em que está, é garantir ao Passos Coelho mais 4 anos de governo, agora com uma nova legitimidade que neste momento não tem.

O Passos Coelho já fez a este país mal que chegue.


José Batalha

domingo, 8 de junho de 2014

Mar ( vi-te pela primeira vez em Cascais )

Lembro-me da primeira vez que o vi, foi tão poderosa a experiência que ainda hoje quando o vejo me lembro disso.
Por isso, de certa forma, de cada vez que o vejo é como se fosse a primeira.
Foi das experiências mais marcantes da minha vida.



A visão, amplitude vastidão imensidão, brilhos reflexos, côr... ... e aquele movimento perpétuo em toda a extensão e o crescer e diminuir, subir e descer, como um respirar gigante... e o som!  sussurrar,  arrulhar,  rugir...
Ah como lembro o instante em que avançou mansamente até mim e me acarinhou os tornozelos, numa carícia fresca e macia, envolvendo-me e depois indo indo, e eu com ele, parecia...  vertigem! (a minha atenção nele como se dele eu fosse parte).
O gosto do sal, o cheiro penetrante... 
nada é como ele e nenhuma experiência se compara a vê-lo ouvi-lo cheirá-lo e ai 
não há maior prazer que experimentá-lo, com cada  pedacinho, com cada célula do nosso corpo!  
Entrar nele é como regressar . Ir ao início do que algum dia seremos.

maria morais

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Já !!!

Defendo ELEIÇÕES legislativas, JÁ!
É urgente dar o voto ao cidadão português que sofre na pele as medidas que nunca lhe foram anunciadas em campanha eleitoral....
As últimas eleições foram, portanto, uma fraude.
Como é possível elegermos um governo a partir de um programa (promessas), dar-lhe uma maioria e este não cumprir nada do que prometeu? É essencial promover novas eleições para que um novo governo, seja de que área for, seja legitimado nas medidas dificeis (concerteza!) a promover.
Os eleitores, nós o povo, seremos, então, conscientes nas medidas e no sentido de voto. Poderemos escolher.
Como estamos agora é que não!
Não escolhemos corretamente pois ninguém falou verdade. A verdade.
Mesmo que a escolha seja o caminho atual, será uma escolha cons
As últimas eleições foram, portanto, uma fraude. Como é possível elegermos um governo a partir de um programa (promessas), dar-lhe uma maioria (entre dois partidos) e este não cumprir nada do que prometeu?
Pelo contrário, só fez (faz) o contrário daquilo que prometeu.




É essencial promover novas eleições para que um novo governo, seja de área for, seja legitimado nas medidas difíceis (com certeza!) a promover. Os eleitores, nós, o povo, seremos, então, conscientes nas medidas e no sentido do novo voto.
Poderemos escolher.
Como estamos agora, é que não!
Não escolhemos corretamente pois ninguém falou verdade. A verdade.
Mesmo que a escolha seja o caminho atual, será uma escolha consciente.
Rui Manuel Torrado Valente

São João do Estoril, 4-05-2014.

Cascais, apartamentos de luxo e a corrupção nos vistos gold

Eis o destino de grande parte dos projectos imobiliários aprovados pela Câmara de Cascais - dar cobertura a redes internacionais criminosas!

Quem vai comprar apartamentos de luxo no Estoril-Sol, no Atlântida-Residence, no PPERUCS ou na Areia-Birre?!?
É este o "investimento" que se quer para o nosso concelho? 
Será este o Cascais que os munícipes querem VIVO?




"No âmbito desse caso, os investigadores recolheram indícios de que a compra de casas de valor superior a 500 mil euros ou a transferência, para Portugal, de capitais que ascendam a, pelo menos, um milhão de euros era apenas, na maior parte dos casos, um recurso legal para obter autorização de residência por mais de seis anos e viajar pelo espaço europeu sem obstáculos."
"Um artigo publicado ontem pela revista Forbes sobre a fuga de capitais que está a ocorrer na China, por causa da luta das autoridades contra a corrupção, menciona Portugal como um dos países para onde os chineses que não conseguem vistos norte-americanos estão a desviar os seus investimentos." - em Público de 6 de Junho 2014, pág.10, sobre corrupção nos vistos gold.



Paulina Esteves 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O desemprego caiu... E o emprego também

O Instituto Nacional de Estatística publicou os dados do desemprego, referentes ao
1º trimestre de 2014, revelando que a taxa de desemprego caiu de 15,3% no último trimestre de 2013 para 15,1% no fim de março.
Os desempregados passaram de 808.000 para 788.100.
São menos 19.900 pessoas no desemprego.
Parecem boas notícias.
Acontece que o emprego também desceu.
O número de pessoas com emprego diminuiu 42.000. Eram 4.468.900 e são agora 4.426.900.
Mas  se  o  número  de  pessoas  a  trabalhar  diminuiu,  como  é  que  há  menos desempregados ?
É simples.
Uma parte, os mais jovens e bem preparados, emigrou.
Outra  parte,  os  mais  idosos  e  com  baixas  qualificações,  desiludidos,  deixaram  de procurar trabalho. Continuam sem emprego. Continuam a querer trabalhar. Mas não são desempregados. São inactivos.
Pobre país em que até as boas notícias, afinal são más.

José Batalha



pperucs - Assembleia Municipal de 27 de Maio de 2014 - Comentário sobre a crónica do "público" de 28/5/14 acerca da AM

O Protagonista desta história chama-se Carlos Coelho, Capitão da GNR, Comandante da Polícia Municipal de Cascais, que denunciou, um dos presentes nesta Assembleia Municipal por este o estar a fotografar sem a sua devida autorização, à PSP.
O Sr. Comandante que não queria ser fotografado, passou o tempo a colocar-se atrás do púlpito, local objeto do interesse dos fotógrafos e máquinas de filmar ou seja, local impróprio para estar quem não quer ser fotografado.
Foi tudo armado. Aliás o que se percebia desde o início com 4 carros da Polícia Municipal e PSP a ocuparem a rotunda em frente à Assembleia Municipal e sucessivas chamadas de atenção do Sr. Pres. da Ass. Municipal, Dr. Pires de Lima que não se cansou de ameaçar a Assembleia do princípio ao fim, “que evacuaria a sala se não se portassem, o público, de acordo com o regimento….”

Munícipes alertam para os efeitos irreversíveis do plano de pormenor na praia, muito conhecida pela prática do surf Rui Gaudêncio/Arquivo (Foto de PÚBLICO)