sexta-feira, 13 de junho de 2014

Para não dizer que não falei de flores...

Não imagino um mundo sem flores. Creio que poucos o possam imaginar. Sobretudo depois de um rigoroso inverno que, em tempo de descontentamento, nos fez desejar mais ainda a primavera adiada. Por isso, ao passar por Cascais nos últimos dias, não pude deixar de sorrir para dentro ao admirar a profusão de flores nas rotundas e canteiros públicos: petúnias, amores-perfeitos e begónias competindo pacificamente em demonstração de cor e de beleza. Ao mesmo tempo, porém, não pude deixar de comparar esta visão tão idílica com o estado de degradação de outras zonas de Cascais votadas à mais profunda indiferença - para não dizer desprezo! Onde é necessário uma candidatura ao Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Cascais para tentar satisfazer as necessidades essenciais dos munícipes – nas quais a segurança representa, obviamente, a grande prioridade. 

Refiro-me concretamente ao projecto de requalificação da Rua do Viveiro, no Monte Estoril, aprovado pelo Orçamento Participativo de 2012 (intervenção que vinha sendo pedida  já vários anos sem que nada tivesse sido feito).

A proposta do O.P. contemplava, para lá do arranjo da rua e dos passeios, (designadamente em termos de segurança), a construção de um parque infantil no parque do Museu da Música Portuguesa, a abertura ao público dos seus dois portões da Rua do Viveiro e a reactivação do Mercado. Foi-nos dito, entretanto, que a requalificação ficaria limitada ao arranjo dos passeios e à colocação de passadeiras/lombas.

Passados dois anos, outros projectos aprovados foram concretizados mas a Rua do Viveiro … continua na mesma!!!

Não gosto de pensar que as prioridades da CMC nem sempre coincidem com as dos seus munícipes, nem que, para aquela, o arranjo de uma rua é demasiado insignificante em comparação com outras “flores” mais vistosas que, justamente propostas pelos seus munícipes, serão oportunamente embandeiradas em arco em tempos de campanha.

Quais os limites, afinal, entre aquilo a que os munícipes, pagando impostos, já de si tão elevados, têm pleno direito e aquilo que, sob a capa de democracia, nos é oferecido como um acto de boa vontade da CMC?
Agradecendo ao Geraldo Vandré a sua canção tão inspiradora…!



Isabel Guerreiro

1 comentário:

  1. Muito bem observado, Isabel Guerreiro! Infelizmente, os (ir)responsáveis têm uma visão muito limitada de bem estar dos munícipes e seguem derrubando árvores e fazendo canteirinhos de flores em rotundas desnecessárias, com olho guloso em turistas cujos gostos avaliam pelos seus..

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