sábado, 14 de junho de 2014

Sobre Cascais, o pensamento único e o Papa Francisco

A questão que mais me incomoda sobre o actual governo municipal de Cascais é a ausência de um Programa.

Não contesto a liberdade individual, de modo nenhum - aliás sou uma fervorosa adepta do pensamento divergente e da discussão colectiva à procura de convergências pelo bem comum.

Contesto que, em detrimento de um programa ao qual os eleitos se tenham de vincular perante os seus eleitores e demais cidadãos, façam a apologia daquilo que Carreiras anunciou na sua tomada de posse em 2013: "uma Estratégia para Cascais". 

E esse facto dá-lhes uma liberdade total para defender projectos indefensáveis sobre o ponto de vista da maioria dos munícipes ou fregueses. Dá-lhes a capacidade de bradarem a sua prepotência sem que tenham (aparentemente) qualquer obrigação de ouvir ou incorporar outros pontos de vista.
Na verdade não podem ser escrutinados porque não estão a trair nenhum programa! Esta é verdadeiramente a sua estratégia, considerarem-se "livres de interpretar o mandato como melhor lhes aprouver":

Zilda Costa Silva votou a favor do plano de pormenor para Carcavelos-Sul, o que permitiu a sua aprovação. A assembleia de freguesia exige a demissão da autarca”.
"A autarca ... entendeu ser "livre de interpretar o mandato como melhor lhe aprouver", destaco, no artigo publicado em 12/06/2014, LUSA e PÚBLICO



O pensamento único que o Papa Francisco contesta publicamente, está aqui a ser concretizado, no município de Cascais.
Parece um contra-senso? Liberdade individual versus Pensamento único? Curiosamente não é incompatível, como o mostra a realidade deste concelho: cada elemento do PSD / CDS eleito em autarquias é livre de orientar o seu voto, desde que de acordo com o estipulado pela aliança "Viva Cascais". Sem escrutínio popular. Sem terem de prestar contas. São livres de impor o que bem lhes aprouver.

Curiosamente eu, que me conheço agnóstica, reconheço-me próxima de pensamentos do Papa Francisco sobre o mundo e sobre a política, assim como descortino como não cristãos os actos deste executivo municipal e de freguesias, apesar de constantemente os vermos presentes em missas católicas.

Actuam numa linha fariseia, na aplicação de estratégias de “desenvolvimento” de um concelho em prol de “atracção de investimentos” ou de “receitas para a economia local”.

Mas de que “economia local”, nos estarão a falar?

(continua)

Paulina Esteves

1 comentário:

  1. quando se tem que enfrentar patos bravos milionários como a família "alves ribeiro" que até tem um "banco" há que contar que os seus apoiantes no concelho façam os possíveis e impossíveis para cumprir a agenda!... nós temos as massas eles têm as "massas" com que pagam os melões, simple as that!... temos dinheiro para providência cautelar? senão não vale gastar energias...

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