É mais ou menos consensual a ideia de que as pessoas estão
fartas dos políticos e dos partidos. “ São todos iguais, quando são eleitos
fazem o contrário do que dizem durante as campanhas eleitorais “, quem nunca
ouviu ainda algo deste género?
É assim no País e foi assim também nas últimas eleições
autárquicas em Cascais.
Prova disto são os resultados das últimas eleições autárquicas
de 29 de Setembro de 2013 em que votaram apenas no País 47,4 % dos cidadãos inscritos,
em Cascais não votaram 62 %.
Causas comuns da
Abstenção
A abstenção pode ser resultante de uma ou várias razões em
baixo enunciadas:
Desigualdade colossal
na exposição de partidos nos Média (normalmente presente em regimes
totalitários, e sistemas bipartidaristas)
Falta de
esclarecimento eleitoral (mais concretamente: informação sobre programas,
regras eleitorais)
Desmobilização do
eleitorado pela divulgação de sondagens em tempo de campanha as quais dão
ênfase reforçado na necessidade de voto útil nos "grandes partidos"
(normalmente constatada em sistemas bipartidaristas)
Desagrado pelo
sistema de votação vigente e/ou modelo de Democracia.
Barreiras sociais de
acesso ao voto. (seja por incapacidade de deslocação seja por incapacidade
física na mobilidade ao local de voto)
Desinteresse
generalista pela classe política.
Falhas de ordem
técnica nos instrumentos de votação.
(Em Portugal, nas
eleições Presidenciais de 2011 muitos eleitores ficaram impedidos de votar
porque o website com informações sobre o nº de eleitor dos cidadãos esteve
inoperacional durante o dia de votação)
Erro na contagem de
eleitores nos cadernos eleitorais. (os chamados "eleitores fantasma")
Não-identidade com
nenhum programa dos partidos.
Forma de protesto
contra alguma lei ou leis que originam descontentamento populacional, que em
muitos casos está associado a boicotes eleitorais.
Muitos defensores da
"obrigatoriedade de voto" têm uma visão simplista crendo que desta
forma assegura-se a resolução da problemática da abstenção. Contudo para que
exista obrigação de voto, é necessário garantir o aprofundamento da Democracia
a todos os níveis eliminando todos os obstáculos atrás enunciados, pois caso
contrário, o problema da abstenção origina outro problema: voto inconsciente.
E em Cascais como vai
a Democracia?
Participar na vida democrática do Concelho é um direito e um
dever mas apenas formal, senão vejam-se,
as reuniões públicas do executivo da CMC são às segundas feiras de manhã, ora a
esta hora os munícipes, que ainda trabalham, estão a trabalhar e nestes
incluem-se os funcionários da CMC que não deixam de ser munícipes (na sua
maioria) e que por esta via estão também impossibilitados de participar
ativamente na vida política do concelho.
No que diz respeito às Juntas de Freguesia as informações
sobre datas de Assembleias de freguesia são inexistentes não tendo as datas das
reuniões dos respetivos executivos o destaque que a importância do assunto
deveria merecer.
Em ambos os casos os horários destas reuniões deveriam ter
lugar quando fosse possível à esmagadora maioria dos cidadãos poderem assistir
e participar, não basta dizer-se que as pessoas estão divorciadas da
participação na vida democrática do concelho se não existir o mínimo de
condições que o permitam fazer. Esta
sugestão poderia ser uma regra com peso de Lei, a democracia tem regras e não
pode ser apenas um ritual que se esgota com a colocação do voto na urna.
6 de Maio 2014
Arco-íris
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