“…não desenho para aborrecer as
pessoas, mas sim para as divertir, para chamar a atenção delas para aquilo que
vale a pena e que nem sempre se vê”
Vincent Van Gogh
Quando
olho em redor vejo cada vez mais pessoas alheadas, de olhar fixo, esgazeado de
mau humor. Ou, pior. Sem humor.
O humor
é corrosivo, mata no sentido literal do termo, como vimos recentemente.
O homem
aceita os insultos, aceita rebaixar-se em determinadas situações mas quase
nunca aceita o ridículo, quase nunca aceita ser posto em causa e rir-se de si
mesmo ou de uma situação em que participe.
Rir-se
de si próprio, de uma situação que protagonizou, é muito difícil numa sociedade
baseada na imagem. A imagem que damos, ou pensamos dar, e a imagem que os
outros têm de nós baseia-se nisso mesmo, na filtragem que cada cérebro, cada um
de nós, constrói do outro.
Dizemos
que “o ridículo mata” mas se lhe juntarmos “o que não mata engorda” ficamos a
saber a verdadeira causa da obesidade.
Engordamos
o nosso ego com quilos de egoísmo e de hipocrisias que, ridiculamente, são
politicamente corretas…como o foi ver países onde não há verdadeira liberdade
de expressão serem representados na marcha por essa liberdade numa Paris em
pose transcendental.
Isto
transcende a minha compreensão…
Brincamos,
por vezes, com pessoas sem sentido de humor. Isso, para essas pessoas, é
terrível.
É
terrível ser-se literal uma vida inteira pois embora seja bom termos princípios
e valores, que nos regem e dão sentido à vida, haverá sempre momentos em que é
necessário perspectivar as pequenas coisas da nossa pequena e curta vidinha.
Por
muito que sejamos gordos, o nosso umbigo não é o centro do mundo, quiçá do
universo. Já Galileu o provou…e, de que maneira.
O
Humor, só o humor, pode dar sentido às nossas vidas. Assim, dou vivas a todos
os que me fazem sorrir…vivam os comediantes, vivam os humoristas!
Como não podemos matar esse modo de pensar ser
e estar, só matando o indivíduo que o alberga, e assim conseguimos atingir o ridículo
máximo que é o lado negro do humor (meu caro Darth Vader, onde estás quando és
preciso?) -- a falta total de capacidade
de sorrir perante uma ideia ou um facto.
Neste
caso, de humor negro, o ridículo mata.
Rui Manuel Torrado Valente
S. João do Estoril, Janeiro de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comente