domingo, 1 de fevereiro de 2015

O humor mata ou Je suis Charlie ou…sei lá quem sou…

“…não desenho para aborrecer as pessoas, mas sim para as divertir, para chamar a atenção delas para aquilo que vale a pena e que nem sempre se vê”   Vincent Van Gogh


Quando olho em redor vejo cada vez mais pessoas alheadas, de olhar fixo, esgazeado de mau humor. Ou, pior. Sem humor.
O humor é corrosivo, mata no sentido literal do termo, como vimos recentemente.
O homem aceita os insultos, aceita rebaixar-se em determinadas situações mas quase nunca aceita o ridículo, quase nunca aceita ser posto em causa e rir-se de si mesmo ou de uma situação em que participe.
Rir-se de si próprio, de uma situação que protagonizou, é muito difícil numa sociedade baseada na imagem. A imagem que damos, ou pensamos dar, e a imagem que os outros têm de nós baseia-se nisso mesmo, na filtragem que cada cérebro, cada um de nós, constrói do outro.
Dizemos que “o ridículo mata” mas se lhe juntarmos “o que não mata engorda” ficamos a saber a verdadeira causa da obesidade.
Engordamos o nosso ego com quilos de egoísmo e de hipocrisias que, ridiculamente, são politicamente corretas…como o foi ver países onde não há verdadeira liberdade de expressão serem representados na marcha por essa liberdade numa Paris em pose transcendental.
Isto transcende a minha compreensão…
Brincamos, por vezes, com pessoas sem sentido de humor. Isso, para essas pessoas, é terrível.
É terrível ser-se literal uma vida inteira pois embora seja bom termos princípios e valores, que nos regem e dão sentido à vida, haverá sempre momentos em que é necessário perspectivar as pequenas coisas da nossa pequena e curta vidinha.
Por muito que sejamos gordos, o nosso umbigo não é o centro do mundo, quiçá do universo. Já Galileu o provou…e, de que maneira.
O Humor, só o humor, pode dar sentido às nossas vidas. Assim, dou vivas a todos os que me fazem sorrir…vivam os comediantes, vivam os humoristas!
 Como não podemos matar esse modo de pensar ser e estar, só matando o indivíduo que o alberga, e assim conseguimos atingir o ridículo máximo que é o lado negro do humor (meu caro Darth Vader, onde estás quando és preciso?) --  a falta total de capacidade de sorrir perante uma ideia ou um facto.
Neste caso, de humor negro, o ridículo mata.

Rui Manuel Torrado Valente
S. João do Estoril, Janeiro de 2015


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